O Ministério Público Eleitoral no Rio de Janeiro denunciou à Justiça Eleitoral o candidato bolsonarista a prefeito de Maricá (RJ) Fábio de Azevedo Barbosa, o Fabinho Sapo (PL), por constranger e humilhar duas companheiras de partido: a postulante a vice na chapa, Luana Gouvêa; e Ingrid Menendes, que concorre a um cargo de vereadora.
Os ataques a Luana foram registrados em 2 de setembro, em duas ocasiões. Na primeira, durante um corpo a corpo com eleitores, Sapo teria gritado com ela quando ouviu perguntas sobre a condução da campanha. Na segunda, na sede do comitê do partido, teria a chamado de “fútil e vaidosa” após ser questionado sobre a ausência dela em fotos do material de campanha.
Ainda de acordo com a denúncia, Sapo disse a Luana que “vice não é nada”, afirmou que não tinha “cautela” nem mesmo ao falar com a própria esposa e chamou a candidata a vice de “mulher de rua”. Ele ainda teria insistido que Luana desistisse da candidatura em caso de descontentamento. Depois do episódio, sempre de acordo com a denúncia, ela saiu do local e Sapo deu um tapa em uma mesa e um chute em uma cadeira.
Já a denúncia em relação a Ingrid Menendes sustenta que Fabinho Sapo afirmou que só compareceria a uma reunião partidária caso a candidata a vereadora não estivesse no local. Ao encontrá-la, o postulante a prefeito decidiu ignorar a presença para causar constrangimento perante correligionários. As denúncias foram acompanhadas de vídeos, áudios e outros elementos.
O MPE aponta “menosprezo às mulheres do partido, as desqualificando como participantes da política, constrangendo-as e humilhando-as, dificultando sua participação da campanha eleitoral ao agir com violência psicológica e emocional” por parte de Fabinho Sapo. Se condenado, ele pode pegar pena de três a 12 anos de prisão, além de ser obrigado a indenizar as candidatas.
Em nota enviada ao jornal O Globo, a defesa do candidato afirmou que mantém “compromisso inabalável com a verdade e com o respeito a todas as mulheres, pautando nossa atuação pública na defesa dos direitos humanos e no combate a qualquer forma de violência ou discriminação”.
Nas redes sociais, Ingrid Menendes celebrou a denúncia do MPE. Em vídeo publicado na ferramenta stories do Instagram, ela chamou Sapo de “monstro” e afirmou que tem sido pressionada por apoiadores do candidato.
“Ele está tentando, com o comportamento de um homem agressor, tentar dizer que nós que denunciamos seus crimes somos culpadas por estar ‘destruindo o PL’ e que somos as vilãs. Não somos as vilãs, estamos contra homens machistas e ridículos que nem você”, desabafou. “Comigo não cola esse tipo de coação.”
Luana Gouvêa não se manifestou publicamente sobre o caso. Em seu perfil no Instagram, tem publicado fotos e vídeos de caminhadas e atividades de campanha junto a candidatos a vereador, sempre sem a presença de Fabinho Sapo. Em algumas postagens há “santinhos” inusitados: com a foto dela e o número da chapa, mas sem o nome ou a foto do candidato a prefeito.
A única pesquisa eleitoral registrada no Tribunal Superior Eleitoral para a disputa pela prefeitura de Maricá em 2024, feita pelo instituto Ágora após encomenda do jornal O Dia, mostrava em 21 de agosto uma vantagem folgada do petista Washington Quaquá, deputado federal e ex-prefeito. Ele somava 88% das intenções de voto, contra 7% de Sapo.
