Jornal Correio | Engenho e arte

Informação é um bem humano, quando todos têm o direito à instrução, participação e direcionamento de saberes

Hoje, fazer arte parece que só depende do indivíduo “querer”, mesmo sem saber o que está fazendo. Todo mundo pode almejar adquirir o ‘status’ de artista, fazer exposições e buscar ‘vítimas’ no mercado. É óbvio quem compra é porque quer, ou foi influenciado por algum ‘especialista’. Neste caso, um engano é consumido porque o enganado se deixa levar por enganadores.

Ser artista não exige de ninguém formação, diploma, residências, mestrados e doutorados. Só aos que no Brasil querem e frequentam escolas oficiais. Em nosso país, muitos alunos se formam em artes plásticas por escolas de arte de prestígio, mas quantos se tornam verdadeiramente artistas? Muitos migram para outros fazeres, que por vezes têm mais verdade.

O conhecimento através da arte acontece em três possibilidades: as do meio de educação de massa, em escolas oficiais ou particulares de ensino e no autodidatismo. Todas têm importância, mas o que realmente importa é o produto final, o ato concreto, que represente um engenho. Pode-se aprimorar com escolas, leituras, frequentando museus e exposições, trocando informações com interessados e pode-se chegar a uma escolha de alto risco: produzir arte. A arte não é para amador, importa num pensamento didático, ordenado numa complexidade interpretativa. Num repertório que traga noções claras e atualizadas de cultura, educação, informação, conhecimento e autonomia.

Cultura é nosso acervo intelectual, espiritual, ideológico no sentido da alma, que caracteriza grupos, nações e civilizações. A cultura não é característica inata, se cria, se preserva através da comunicação, da sociabilidade e cooperação entre indivíduos. A cultura constrói novos tempos, um novo ideal, eliminando as diferenças entre os povos em busca de uma realidade mais humana em nosso mundo contemporâneo.

Educação é o cuidado em desenvolver e ampliar características morais e intelectuais do homem, buscando uma maior e melhor integração individual e social.

Informação é um bem humano, quando todos têm o direito à instrução, participação e direcionamento de saberes.

Conhecimento é o entendimento que se tem de atributos gerais do homem quando interage com o universo circundante, em sua formatação biológica e sentido instintivo de sobrevivência.

Autonomia decorre do encontro destes fatores, que deságua na capacidade de automanutenção psicológica e financeira.

O que vale numa produção artística são a inventividade e a autonomia de um olhar original, único, uma digital intransferível. Tudo isso faz parte da trajetória do artista Claudio Tozzi (1944 – ), paulistano, que encanta o mundo com sua arte.