Home Politics Boulos e Marçal tiram proveito do último debate – 04/10/2024 – Poder

Boulos e Marçal tiram proveito do último debate – 04/10/2024 – Poder

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O último debate do primeiro turno costuma ser um teste de força dos candidatos mais bem posicionados na eleição. Eles entram no estúdio sabendo que errar pouco e encaixar mensagens direcionadas aos indecisos vale mais do que tentar nocautear os adversários.

Na embolada eleição de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) conseguiram tirar melhor proveito desse momento. O deputado procurou fazer um apelo cirúrgico aos paulistanos de baixa renda, enquanto o influenciador trabalhou para aumentar seu fôlego no eleitorado de direita.

Os dois foram ao debate da TV Globo dispostos a administrar a preferência que conquistaram no eleitorado e reforçar, da maneira mais enfática até aqui, as marcas que escolheram para suas candidaturas.

A dinâmica manteve o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na defensiva e, em alguns momentos, isolado. Tabata Amaral (PSB) conseguiu um tempo importante nos holofotes, mas brilhou menos do que em confrontos passados, quando antagonizou diretamente com Marçal.

O debate da Globo era considerado um momento crucial para a campanha de Boulos em seu esforço para fazer com que sua candidatura rompa a estagnação nas pesquisas, principalmente entre eleitores de baixa renda.

Com dificuldades para avançar na periferia de São Paulo, o deputado fez uma aposta pesada e direcionada a essas regiões. Ao longo do programa, o deputado do PSOL repetiu o nome de Marta Suplicy (PT), contando com o recall da ex-prefeita, candidata a vice em sua chapa, e de marcas como os CEUs.

Boulos também fez uma menção incisiva ao presidente Lula (“falei com ele hoje”) para convencer o eleitorado de que a parceria com o governo federal vai favorecer os paulistanos de baixa renda e, então, finalmente conseguir alguma transfusão de votos do petista.

Diante do empate triplo medido pelo Datafolha, o psolista confessou o próprio receio de ficar fora do segundo turno ao repetir um apelo para evitar que “dois bolsonaristas” continuem na disputa. Era uma referência a Marçal e Nunes, e um esforço para despertar o antibolsonarismo que ajudou Lula em sua vitória na capital paulista em 2022.

A eficácia da evocação desse fantasma ainda é algo duvidoso nessa disputa. Embora Lula tenha agregado os votos de uma coalizão de eleitores mais ampla do que a esquerda há dois anos, Boulos não se mostrou capaz de sair de seu próprio campo ideológico.

A identidade política do deputado do PSOL foi o ponto mais explorado pelos rivais que tentavam, por motivos diferentes, desgastá-lo. Tabata Amaral lançou suspeitas sobre mudanças de posicionamento de Boulos, buscando tirar do adversário o eleitor de uma esquerda moderada.

Pablo Marçal, por sua vez, explorou a segunda metade do debate para fincar o pé na oposição à esquerda. O influenciador começou o encontro numa versão comportada, que já havia ensaiado em outros debates. Só saiu do personagem para emplacar o discurso que, acredita, dará a ele a preferência absoluta entre os eleitores de direita.

Um de seus principais objetivos, desde o início da campanha, sempre foi reivindicar o monopólio desse campo, caracterizando de maneira caricata todos os seus adversários como esquerdistas.

O embate particular se deu justamente com Boulos. Marçal quis convencer o eleitor de que o deputado é um extremista e tentou se posicionar como único adversário capaz de enfrentá-lo como um verdadeiro conservador. Boulos retrucou, destacando as credenciais agressivas que o próprio influenciador ostentou ao longo da disputa.

Marçal foi ao debate da TV Globo como se buscasse uma nova oportunidade de apresentar um cartão de visitas ao eleitor paulistano, apesar do índice de rejeição de 53% já acumulado na campanha.

A tática do influenciador se escora na recuperação que ele registrou nas intenções de voto na última semana. Nos dois primeiros blocos, agiu como se tentasse administrar o quadro e frear a escalada da rejeição, sem a necessidade de partir para o tudo ou nada que ajudou a ampliar sua exposição e produzir cortes para as redes sociais. Depois, mudou de ideia.

O influenciador também aumentou a frequência de termos ligados à retórica coach e ao campo religioso. Os eleitores, segundo ele, seriam “abençoados” por um teleférico e veriam um “jejum de crime” na cidade. Marçal também tentou convencer o paulistano de que a cidade precisa de uma “mudança de mentalidade” e uma “jornada de prosperidade”.

O programa expôs Nunes àquele que talvez seja seu momento mais difícil na campanha. Com sua ida ao segundo turno em xeque, o prefeito se viu mais uma vez na mira de adversários que tabelaram, de maneira firme, um discurso de mudança.

Nunes ainda buscou um amortecedor para esses ataques ao dizer que sofre críticas injustas e que entregou muitos resultados que os rivais cobram durante a campanha. É um discurso difícil de emplacar a esta altura, mas que pode ajudá-lo a consolidar o voto de quem rejeita Boulos e Marçal.

Com dificuldades para conseguir adesão no bolsonarismo raiz, Nunes tentou apelar para o discurso de uma direita simpática a ideias liberais na economia –em busca de uma espécie de eleitor “eu votei no Paulo Guedes”. Falou quatro vezes em redução de impostos só no primeiro bloco, com a expressão “economia liberal” em destaque.

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