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Com tensão voto a voto, São Paulo terá segundo turno entre Boulos e Nunes – Política – CartaCapital

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Após semanas de tensão e indefinição prolongada até os minutos finais da apuração das urnas, a eleição em São Paulo chega ao segundo turno com um embate já previsto por analistas: Guilherme Boulos (PSOL) enfrentará o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A disputa coloca em confronto dois projetos opostos para a cidade, com Nunes buscando a continuidade de sua gestão e Boulos representando uma renovação progressista, sob o apoio do governo federal.

Confira os resultados, com 99% das seções apuradas:

  • Ricardo Nunes (MDB): 29,53%
  • Guilherme Boulos (PSOL): 29,01%;
  • Pablo Marçal (PRTB): 28,13%
  • Tabata Amaral (PSB): 9,94%
  • José Luiz Datena (PSDB): 1,83%
  • Marina Helena (Novo): 1,39%

Os demais candidatos não chegaram a 1%.

A capital paulista também registrou 6,22% de votos nulos, 3,55% de votos em branco e 27,35% de abstenções. Ao todo, 6.581.966 eleitores depositaram seu voto nas urnas neste domingo em São Paulo.

Quem é Guilherme Boulos

Guilherme Boulos tem uma trajetória política marcada pelo ativismo e pela defesa das causas sociais, com foco na habitação. Filho de médicos da rede pública, ele entrou no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto aos 19 anos, após visitar uma ocupação em Osasco, na Grande São Paulo. Essa experiência foi decisiva para sua carreira política.

Sua relação com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou em 2003, quando liderou um protesto em frente à casa do então presidente, em São Bernardo do Campo, durante uma ocupação de terrenos da Volkswagen pelo MTST.

Esse episódio simboliza o início de uma relação política que se fortaleceu ao longo dos anos, período em que Boulos foi frequentemente citado como um possível herdeiro político de Lula.

Boulos ganhou visibilidade nacional durante as manifestações de 2013 e, um ano depois, liderou a ocupação da Copa do Povo, uma ação do MTST contra as desapropriações para a construção da Arena Corinthians, em Itaquera, na zona leste de São Paulo.

Entrou oficialmente na política cinco anos depois, em 2018, quando concorreu à Presidência da República pelo PSOL, com a atual ministra Sônia Guajajara (PSOL) na vice. Terminou a disputa em 10º lugar, com 617 mil votos – foi o suficiente, contudo, para se apresentar como uma liderança emergente da esquerda brasileira.

Na eleição de 2020, Boulos fez sua primeira tentativa de chegar à prefeitura de São Paulo, com Luiza Erundina (PSOL) de vice. Ele chegou ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB), mas foi derrotado por uma diferença de 1 milhão de votos. 

Em 2022, abriu mão de disputar o governo de São Paulo em favor de Fernando Haddad (PT), em troca do apoio petista à sua candidatura em 2024. Naquele ano, foi eleito deputado federal com mais de 1 milhão de votos (o resultado mais expressivo no estado).

Ainda assim, a indicação de Boulos para concorrer à prefeitura encontrou resistências no PT, especialmente da ala ligada a Jilmar Tatto. Além disso, existia um receio de o partido ser engolido pelo PSOL na capital paulista.

A questão foi resolvida com a entrada de Marta Suplicy como vice na chapa de Boulos, costurada por Lula. Pela primeira vez, desde 1988, o PT não teve candidato próprio na capital paulista.

Quem é Ricardo Nunes

Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, tem uma trajetória política marcada por sua rápida ascensão. 

Natural de São Paulo, iniciou sua carreira política como vereador pelo MDB em 2013, após uma atuação destacada no setor empresarial e em entidades associativas.

Aos 21, disputou pela primeira vez as eleições para vereador da cidade, sem sucesso.

Em 2012, o prefeito conseguiu se eleger vereador pela primeira vez, com cerca de 30 mil votos. Quatro anos depois, em 2016, foi reeleito com mais de 55 mil votos.

A grande virada em sua carreira ocorreu em 2021, quando assumiu a prefeitura de São Paulo após a morte de Bruno Covas, de quem era vice-prefeito. Sua gestão foi marcada pelos desafios da pandemia de Covid-19, com a necessidade de administrar a maior cidade do País em um momento crítico.

No entanto, sua gestão tem sido alvo de críticas. Na área de habitação, os esforços de Nunes para ampliar programas de assistência, como o auxílio-aluguel, foram considerados insuficientes por muitos, especialmente em relação à crise de pessoas em situação de rua. Seu trabalho nesse tema se tornou um dos principais pontos de ataque de seus adversários.

Além disso, sua reeleição enfrenta obstáculos relacionados ao apoio de Jair Bolsonaro (PL). Embora tenha formalmente endossado Nunes, o ex-presidente afirmou não se tratar do “candidato dos sonhos”.

Essa aliança, negociada por líderes como Valdemar Costa Neto (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), incluiu a indicação de um vice bolsonarista, o coronel Mello Araújo (PL). A decisão afastou setores mais centristas e aliados históricos, como o PSDB e Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, que decidiu apoiar Boulos.

Além dos desafios eleitorais, Nunes lida com acusações que o assombram desde o início de sua carreira, incluindo suspeitas de envolvimento na “máfia das creches”, um esquema de desvio de verbas destinadas à educação infantil. Também há denúncias de fraude em licitações e um registro de violência doméstica feito por sua esposa há mais de uma década. O prefeito nega todas as acusações.

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