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o que cabe à prefeitura e o que cabe à Enel no apagão em São Paulo – Política – CartaCapital

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A cidade de São Paulo amarga uma crise energética desde que um forte temporal atingiu a capital paulista na última sexta-feira. Mais de 2 milhões de paulistanos foram prejudicados e bairros da capital seguem sem luz.

Embora o prefeito Ricardo Nunes (MDB) atribua a responsabilidade ao governo federal, especialistas indicam que as principais falhas partem tanto da administração municipal quanto da Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia. Ao mesmo tempo, o governo federal, por meio da Aneel, tem sido permissivo na fiscalização e não garante que as concessionárias invistam adequadamente na melhoria do serviço.

Para Fernando de Lima Caneppele, professor da Universidade de São Paulo e especialista em Energia, a prefeitura poderia ter feito mais para minimizar os impactos de eventos climáticos extremos.

“Ela [a prefeitura] tem responsabilidade quando se fala no manejo das árvores da cidade. O manejo inadequado aumenta o risco de queda em tempestades. Existem tipos de árvores que podem ser usadas em larga escala, que não causariam danos à rede elétrica, mas isso não tem sido feito pela prefeitura”, afirma, em entrevista a CartaCapital.

Caneppele também critica a falta de diálogo entre a gestão municipal e a Enel, ressaltando que poderiam coordenar ações para que a urbanização da cidade se adaptasse ao cenário atual, em que eventos climáticos extremos se tornam cada vez mais comuns.

“Já existe tecnologia para tornar as redes mais resilientes. Não foi falta de aviso, foi falta de preparo”, completa.

A culpa é da Enel?

A história da italiana Enel no Brasil acumula uma série de apagões, e não é a primeira vez que parte da capital paulista fica sem fornecimento de energia por dias. Em novembro de 2023, um apagão de grandes proporções deixou a cidade e a região metropolitana sem luz por quatro dias, afetando cerca de 4 milhões de pessoas.

Em março deste ano, o abastecimento de energia da Enel em São Paulo foi interrompido novamente, deixando moradores do centro sem eletricidade, o que chegou a afetar o funcionamento da Santa Casa. Embora problemas na rede elétrica sempre tenham existido, a situação nunca exigiu tanta atenção e ação como agora, explica Fernando.

“O que temos agora é uma nova realidade, com eventos climáticos extremos causados pelas mudanças climáticas. Esses eventos estão nos pegando desprevenidos, e o setor elétrico não está preparado para lidar com isso. É uma nova situação”, afirmou o especialista.

Por isso, Caneppele afirma que a empresa poderia ter se preparado melhor para lidar com o ocorrido no fim de semana, reforçando equipes e realizando manutenção preventiva na rede. “Um ano atrás, já tivemos um problema bastante sério, e na época a empresa prometeu aumentar o número de colaboradores em 30%, mas o aumento foi entre 4% e 7%. O que vemos agora é um efeito dessa falta de preparo da concessionária”, diz.

Caneppele explica que, além das ações de médio e longo prazo, ainda outras há medidas que a Enel pode adotar para mitigar os efeitos dos eventos climáticos extremos. Entre elas, a implementação de sistemas de automação e digitalização das redes para detectar anomalias e garantir uma resposta mais rápida.

“Esperamos uma resposta mais firme. A cidade de São Paulo não pode ficar refém de um sistema ruim. É uma questão de ação”, conclui.

Em resposta ao apagão, a Enel declarou, em nota, que a companhia está implementando “um robusto plano de investimentos, focado no fortalecimento e na modernização das redes” e que pretende investir cerca de 20 bilhões de reais até 2026. A empresa se recusa, contudo, a estabelecer um prazo para a retomada integral dos serviços de eletricidade na capital paulista.

E o governo federal?

O professor reitera que a responsabilidade também recai sobre o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, que devem fiscalizar e cobrar das concessionárias os investimentos necessários para melhorar o serviço oferecido à população.

“A Aneel tem sido bastante permissiva com as concessionárias. Além disso, faltam funcionários; o corpo técnico da agência, que é muito competente, está desfalcado. Também falta apoio do poder público para que a Aneel possa agir livremente e cumprir seu papel de fiscalização das empresas”, comenta.

Soluções efetivas esbarram em custos e falta de planejamento

Uma das soluções mais indicadas para evitar apagões é o enterramento da fiação elétrica, proposta durante a gestão de Fernando Haddad (PT) em 2014. No entanto, essa opção esbarra em questões financeiras e na viabilidade em algumas regiões.
“Enterrar toda a fiação representaria todos os investimentos das concessionárias do Brasil por muitos anos, só para enterrar uma parte. Financeiramente, é inviável. O que pode ser feito é exigir que novas expansões sejam feitas com cabos subterrâneos”, explica o especialista.

Além disso, tecnologias de automação e digitalização das redes poderiam ajudar a mitigar os efeitos dos eventos climáticos extremos, tornando a resposta mais ágil e eficiente. Mesmo assim, a falta de planejamento contínuo tanto da prefeitura quanto da concessionária, além da fiscalização deficiente do governo federal, dificulta essas implementações.

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