Na solenidade do 54º aniversário da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), o helicóptero Água da Polícia Militar que sobrevoou o pátio foi o de número 15, o que foi notado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição com esse número de urna.
Do palco de autoridades, onde estava também o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes avisou a pessoas próximas quando viu o número da aeronave e sinalizou para o Secretário de Segurança do estado, Guilherme Derrite (PL). O prefeito não escondeu a alegria com o que os presentes afirmam ter sido uma coincidência.
Quem estava ao redor de Nunes na cerimônia afirma que o prefeito chegou a mostrar imagens do helicóptero em seu celular. Ex-comandante da Rota, o coronel da reserva da PM Ricardo Mello Araújo, que concorre como vice de Nunes, estava no local e, mais tarde, compartilhou a foto do helicóptero 15 em suas redes sociais.
Policiais e autoridades ouvidos pela reportagem na solenidade afirmaram que a escolha do helicóptero não foi de caso pensado e que a escala das aeronaves é definida com antecedência. A Folha também questionou Derrite, que disse não ter reparado qual era o número do helicóptero.
Procurada, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo respondeu por telefone e afirmou que o número do helicóptero não tem relação com a presença do prefeito no evento. Ainda segundo a assessoria, trata-se de um helicóptero que está na PM há anos e atende a diversas ocorrências.
Após a cerimônia, o prefeito falou com a imprensa a respeito do apagão na cidade, que já dura quatro dias, responsabilizando a Enel e o governo federal, que apoia seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL).
Alvo de Boulos por causa da crise, que dominou o primeiro debate entre eles, realizado pela Band nesta segunda (14), Nunes negou que o apagão possa prejudicar sua campanha. Segundo o prefeito, o prejuízo será de Boulos, que é o candidato de Lula (PT).
“A responsabilidade está muito clara, de que é da Enel. Se tiver alguém que vai ser prejudicado, é o candidato do governo federal, que foi omisso, está sendo omisso, e que não fez nada”, disse Nunes, em referência a Boulos.
“Eu fui muito ativo na defesa do interesse da cidade. Pelo contrário, acho que [a crise] demonstra para a população um prefeito que tem a voz altiva, que defende o interesse, e não o outro candidato, que passa pano nessa questão da Enel e fica fazendo só vídeo para lacração”, completou.