Em reportagem publicada nesta quarta-feira 16, o jornal The New York Times, dos Estados Unidos, faz uma longa análise dos movimentos do Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil desde 2019 e se propõe a responder à pergunta “O Supremo está salvando ou ameaçando a democracia?”.
Em reportagem assinada pelo chefe da sucursal brasileira, Jack Nicas, o NYT afirma que a atuação do STF “ajudou a salvar a democracia”, mas destaca que a direita brasileira vê o Tribunal em si como ameaça à democracia. “Ambos os lados podem estar certos”, propõe o jornalista.
A reportagem, disponível em língua portuguesa neste link, afirma que o Supremo expandiu seus próprios poderes para defender as instituições brasileiras de ataques, especialmente pela internet, depois que Jair Bolsonaro (então no PSL) assumiu a presidência da República, em 2019.
Naquele ano, lembra o jornal, foi instaurado agora famoso Inquérito das Fake News, que culminou em diferentes investigações, todas elas sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes.
“Se não fosse esse inquérito, a democracia no Brasil teria ruído”, afirmou ao NYT o ministro Dias Toffoli, responsável pela abertura das investigações e pela nomeações de Moraes como relator.
Em alguns momentos, o texto do jornal assume tom bastante crítico. “O Tribunal também nomeou-o uma espécie de Xerife da internet brasileira”, afirma a reportagem, em referência a Moraes. “O ministro fez as empresas de tecnologia silenciarem centenas de pessoas nas redes sociais e bloqueou o X de Elon Musk por desobedecer a Justiça”.
O texto chega a classificar as ações do Supremo como ‘agressivas’ e afirma que elas “estão atraindo a atenção do mundo todo, com a ajuda de Elon Musk”. Musk é o dono da rede X, antigo Twitter, que foi temporariamente suspensa no Brasil por decisão de Moraes, após a plataforma descumprir a legislação vigente no país.
Após afirmar que o ministro adquiriu “novos poderes para ordenar operações policiais contra pessoas que apenas criticaram o Tribunal online, forçar veículos de imprensa a remover publicações e mandar a Receita parar de investigar outro ministro do Supremo e sua esposa”, o jornal destacou que a maioria dos integrantes da Corte tem apoiado as decisões de Moraes.
Em contato com CartaCapital, a assessoria do Supremo destacou que o posicionamento da Corte estava expressado nas palavras do atual presidente, Luís Roberto Barroso, que concedeu entrevista ao jornal. “Os países têm circunstâncias diferentes. Uma democracia jovem como a brasileira precisa se proteger de riscos reais. “Nós estamos lidando com gente perigosa. E é preciso não esquecer isso”, resumiu.