Pedido é feito junto às federações PT/PCdoB e PSOL/Rede; deputados acusam o governador de usar a máquina pública em campanha para Nunes
Deputados da oposição ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), protocolaram nesta 4ª feira (30.out.2024) um pedido de impeachment contra ele na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado). A ação foi motivada por declarações de Tarcísio associando Guilherme Boulos (Psol), candidato derrotado à prefeitura da capital paulista, ao PCC (Primeiro Comando da Capital) durante o 2º turno das eleições.
Os deputados alegam que o governador cometeu crime de responsabilidade ao divulgar informações confidenciais sobre supostas instruções do crime organizado sem as repassar à Justiça Eleitoral. Segundo a representação, Tarcísio teria violado a probidade administrativa e interferido no exercício livre do voto. Leia a íntegra (PDF – 2 MB).
No domingo (27.out), ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), Tarcísio afirmou a jornalistas, em seu local de votação no Colégio Miguel de Cervantes, que o PCC orientou seus integrantes a votarem em Boulos, sem apresentar provas. Ele disse que a informação seria resultado de uma “interceptação de conversas” por meio de ações de inteligência.
O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) informou que não recebeu oficialmente qualquer dado sobre o suposto direcionamento de votos pelo PCC.
A SSP-SP (Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública de São Paulo) afirmou que o Sistema de Inteligência da Polícia Militar “interceptou a circulação de mensagens atribuídas a uma facção criminosa” determinando a escolha de candidatos a prefeitura na capital paulista, em Sumaré e em Santos. No comunicado, o órgão não especifica qual organização criminosa teria orientado seus integrantes e não menciona que o pedido de votos a detentos era para Boulos.
A representação foi protocolada pelos deputados Paulo Fiorilo, líder da federação PT/PCdoB/PV, e Carlos Giannazi, líder da federação Psol/Rede. Eles afirmam que Tarcísio usou informações privilegiadas para influenciar o resultado das eleições em São Paulo.
“Não serão aceitas desculpas relacionadas à possibilidade de não ter havido impacto na eleição, ou à ausência de atividade no cargo, uma vez que foi justamente por exercer a função que tudo aconteceu: a descoberta da correspondência, a credibilidade como fonte de informação e a responsabilidade de supervisionar os subordinados que não cumpriram suas obrigações”, diz o texto.
“A conduta do governador, ao se apropriar de informações e credibilidade que decorrem de seu cargo e fazer declarações que favoreceriam o seu candidato à eleição municipal de São Paulo, significou o desvio de um bem público para proveito privado”, afirma.
Nunes foi reeleito para o cargo por mais 4 anos a partir de 1º de janeiro de 2025. Com 100% das urnas apuradas, o emedebista recebeu 59,35% dos votos válidos (dados aos candidatos, excluindo-se os brancos e os nulos) contra 40,65% do deputado Guilherme Boulos.
O OUTRO LADO
O Poder360 procurou a assessoria de Tarcísio de Freitas por telefone e aplicativo de mensagens para perguntar se gostaria de se manifestar a respeito do pedido de impeachment. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.