Eu me lembro bem porque estava lá, no Estádio Olímpico de Kiev, na Ucrânia, acompanhando por esta Folha a final da Champions League, Liverpool x Real Madrid.
Ainda no primeiro tempo de uma partida bastante equilibrada, o zagueiro Sergio Ramos, capitão do time espanhol, engalfinhou-se em uma jogada com o ótimo Mohamed Salah, principal atacante da equipe inglesa, e os dois caíram.
O egípcio levou a pior. Lesionado no ombro, teve de ser substituído com meia hora de jogo por Adam Lallana, um meia razoável.
O Liverpool perdeu muito ali, e viria a perder aquela decisão por 3 a 1, com brilho do galês Bale (dois gols, um deles de bicicleta) e duas falhas grotescas, memoráveis, do goleiro alemão Karius –para a temporada seguinte, os Reds contrataram o brasileiro Alisson.
O treinador do Liverpool era Jürgen Klopp. Que continuou no clube até este ano, tendo conquistado a Champions em 2019 e o Campeonato Inglês (Premier League) em 2020.
Klopp deixou, como celebridade do clube e ídolo dos torcedores, os Reds há poucos meses, decidindo interromper, ao menos temporariamente, a carreira de técnico.
Aceitou recentemente cargo na Red Bull, que controla alguns times (como o Leipzig na Alemanha, o Salzburg na Áustria, o Nova York nos EUA e o Bragantino no Brasil), para ser diretor global de futebol. Na prática, atuará como “conselheiro” dos treinadores desses times.
O alemão de 57 anos tem dado algumas entrevistas, em especial para falar da nova função, e esteve nesta semana no podcast comandado pelo compatriota Toni Kroos, campeão mundial na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
O meia Kroos, 34, um dos grandes nomes do Real Madrid nos últimos dez anos, pendurou as chuteiras depois da Eurocopa, em julho, e decidiu se aventurar como entrevistador ao lado do irmão Felix, também ex-jogador.
Titular naquela final em Kiev, Kroos tocou no assunto com Klopp, que demonstrou ainda sentir rancor de Sergio Ramos devido à jogada com Salah.
Ao ver o lance, é possível interpretar que o espanhol aplicou propositalmente um “golpe” no egípcio –parecia judô–, sendo maldoso.
Klopp tem certeza disso. “Sergio Ramos é um cara legal? Ele não está entre meus jogadores favoritos. A ação [contra Salah] foi brutal e sabemos que ele ficou feliz.”
“Nunca consegui entender essa mentalidade”, prosseguiu. “Nunca mantive jogadores assim. Quando tive, fiz com que eles saíssem [da equipe]. Sempre considerei meus zagueiros bons o suficiente para não se envolverem em atos [desleais] como esse.”
O zagueiro mais famoso dirigido por Klopp no Liverpool foi o holandês Van Dijk, que na decisão de 2018 contra o Real formou dupla com o croata Lovren e continua titular dos Reds, capitaneando o time.
A lesão de Salah provocada por Sergio Ramos ameaçou a ida à Copa de 2018, na Rússia, e comprometeu parcialmente sua participação. Ele ficou fora da estreia. Atuou nos dois jogos seguintes, longe da melhor forma, e até fez um gol em cada um, insuficientes –o Egito perdeu as três partidas.
Considerado um dos melhores zagueiros da história, campeão (como lateral direito) pela Espanha na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, Sergio Ramos, que criou fama de durão (e era mesmo) e fazia gols com frequência (batia pênaltis), ganhou quatro Champions League com o Real.
“Xerifão”, defendeu o clube madrilenho de 2005 a 2021. Depois, esteve no Paris Saint-Germain e jogou uma temporada no Sevilla, clube que o revelou. Atualmente, aos 38 anos, está desempregado.
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