Relator do Paten (Programa de Aceleração da Transição Energética) disse que petroleira posterga projeto de Sergipe-Alagoas para evitar choque de oferta e redução dos preços
O senador Láercio Oliveira (PP-SE) afirmou na 4ª feira (30.out.2024) que a Petrobras está adiando de forma intencional o projeto SEAP (Sergipe Águas Profundas) para evitar um choque de oferta de gás natural e manter sua hegemonia no mercado. A petroleira já adiou a contratação das plataformas de produção do projeto por 3 vezes. A estimativa é que as unidades entrem em operação em 2028.
“Este projeto vem sendo adiado sucessivamente, de maneira intencional, pela Petrobras, para que não haja o desejado choque de oferta e consequente queda de preços. A companhia exerce o domínio do mercado maximizando os seus ganhos no setor de gás às custas de atrasar o desenvolvimento industrial do país, trazendo prejuízos imensos para Sergipe e para o Brasil“, afirmou.
Láercio, que foi relator da Lei do Gás e atualmente relata o Paten (Programa de Aceleração da Transição Energética), que tramita na CI (Comissão de Infraestrutura) do Senado, disse ainda que “estarrecedor é o fato de a estatal, deliberadamente, reinjetar, de forma desnecessária, grandes volumes de gás que poderiam ser escoados e ofertados ao mercado“. Segundo a Petrobras, a reinjeção do gás é necessária para manter a pressão nos reservatórios e, portanto, elevar a produção de óleo nos poços do pré-sal.
A fala de Laércio foi uma reação ao senador Rogério Carvalho (PT-SE), que criticou a inclusão do capítulo do Paten dedicado à redução da concentração da Petrobras no mercado de gás natural –atualmente, no patamar de 75%. Carvalho declarou na tribuna do Senado que a medida poderá afugentar a empresa do Sergipe.
“O senador Rogério no seu pronunciamento, recheado de dados técnicos que certamente a Petrobras lhe forneceu, muitos deles distorcidos, se dispôs a vir aqui defender a manutenção do controle de mercado que a estatal exerce na área de gás para continuar prejudicando os consumidores com um preço dos mais altos do mundo, prejudicando a indústria, os usuários do GNV e as donas de casa que usam o gás para cozinhar“, rebateu o congressista.
O Poder360 procurou a Petrobras via e-mail às 11h51 desta 6ª feira (1º.nov) para saber se a estatal gostaria de comentar as falas do senador, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso a petroleira envie uma manifestação.