Ex-presidente disse buscar negociações sobre crises econômica e política e fez críticas atual gestão de Luis Arce
O ex-presidente boliviano Evo Morales (MAS, esquerda) anunciou nesta 6ª feira (1º.nov.2024) que iniciará uma greve de fome para pressionar o governo de Luis Arce (MAS, esquerda) a promover diálogos sobre as crises econômica e política na Bolívia.
Morales, figura proeminente na política boliviana, critica o governo atual por perseguição política e ineficácia em resolver os problemas nacionais.
O ex-presidente expressou preocupação com a situação de líderes políticos que considera perseguidos pelo governo Arce. Morales também pediu aos seus apoiadores que reconsiderem os bloqueios em estradas, que persistem há 19 dias.
Os bloqueios têm impactado a economia, afetando a distribuição de combustível, alimentos e medicamentos.
“Decidi, para viabilizar o diálogo, iniciar uma greve de fome até que o governo instale duas mesas de diálogo. Primeiro, para o tema econômico e segundo para o tema político. Tem dirigentes injustamente presos, processados”, disse Morales em suas redes sociais.
MILITARES REFÉNS
Apoiadores de Morales ocuparam um quartel em Cochabamba e fizeram ao menos 20 militares reféns nesta 6ª feira, segundo a mídia local do país. Eles pedem a renúncia de Arce.
DISPUTA ENTRE MORALES E ARCE
Morales é, atualmente, líder da oposição ao atual governo de Arce. Antes, eram aliados. O presidente e o ex representam duas diferentes vertentes do mesmo partido, o Movimento ao Socialismo.
Em agosto, Arce enviou uma proposta ao STE (Supremo Tribunal Eleitoral) boliviano sugerindo que a população vote uma mudança na Constituição para vetar a volta de Evo Morales ao poder. Isso intensificou a divisão no partido.
A legislação atual não limita o número de mandatos que um político pode fazer. Se a medida for para frente, Evo poderá ficar fora das eleições presidenciais marcadas para 2025.
A tentativa de golpe sofrida pelo presidente, em junho, contribui para as tensões. O ex-presidente disse que se tratou de um autogolpe para melhorar a imagem do atual chefe de Estado da Bolívia. Arce nega.
Questionado sobre uma possível reaproximação, o Evo Morales rejeita a possibilidade e diz que o atual líder boliviano “adotou a receita” do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional) de “reduzir o Estado”.