Repito, mesmo considerando que Vinicius Junior merecia a Bola de Ouro por ser mais espetacular, a escolha de Rodri, como disse o jornal britânico The Guardian, representa o triunfo de craques que não têm a exuberância dos dribladores e dos goleadores, mas que são essenciais na criação de jogadas. Defendo isso há mil anos.
No futebol e na vida, descobrir o que já existe é diferente de criar algo novo. Rodri, com ótimo passe e ampla visão do conjunto, descobriu os caminhos mais simples, corretos e eficientes para fazer a bola circular de uma intermediária à outra. Vini, com sua enorme habilidade e velocidade, cria coisas novas, belíssimas e produtivas. Os dois se completam.
No início do futebol, os times jogavam com dois zagueiros, três médios e cinco atacantes. O centro-médio era geralmente o craque do time. No Brasil, com o tempo, os centro-médios foram substituídos pelos volantes, apenas marcadores, que protegem os zagueiros e fazem a cobertura dos laterais. Isso tem mudado, lentamente.
Na Itália, décadas atrás, o grande craque era o meio-campista Pirlo, chamado de “regista” (regente, maestro). Ele era o meio-campista centralizado, que comandava o jogo, como faz hoje Rodri, enquanto os dois outros jogadores de meio-campo, um de cada lado, eram mais marcadores.
O futebol evoluiu bastante. Treinadores, analistas e torcedores precisam valorizar a ciência esportiva, a tecnologia, as estatísticas e as informações importantes. Mas há nos debates esportivos um enorme exagero de comparações e de informações inúteis.
Como escreveu Yuval Noah Harari, escritor, doutor em história pela Universidade de Oxford, existe no mundo moderno, em todas as áreas, um excesso de informações inúteis, um lixo que deveria ser jogado fora.
Dois tempos
Neste domingo (3), Flamengo e Atlético-MG fazem no Maracanã a primeira partida da decisão da Copa do Brasil. O Flamengo, como tem atuado, deve adiantar a marcação, pressionar, tentar ter mais a bola.
A equipe quer vencer para ter a vantagem no segundo jogo. O Galo, como tem jogado fora de casa contra fortes adversários, deve marcar mais atrás com três zagueiros e dois volantes e contra-atacar com lançamentos longos nas costas dos defensores adiantados. O empate será um bom resultado para o Atlético, que decidirá em casa.
Como tem ocorrido com grande frequência, dois times brasileiros fazem a final da Libertadores. Isso é consequência dos investimentos muito maiores, de melhores estruturas profissionais e também da chegada de bons treinadores portugueses e argentinos.
Na Copa Sul-Americana, Cruzeiro e Racing fazem a final. O Cruzeiro atuou bem na vitória sobre o Lanús. Cássio foi novamente brilhante.
O Racing, que eliminou o Corinthians, de todos os times argentinos que vi jogar na Copa Sul-Americana e na Libertadores, é o que mais me agradou. Como é habitual, colocaram a culpa no técnico pela desclassificação do Corinthians.
As principais mudanças que ocorrem no segundo tempo de qualquer partida são muito mais pelo que aconteceu no primeiro tempo do que pelas alterações realizadas pelos treinadores, nas vitórias e nas derrotas.
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