Itamaraty declarou, na 6ª feira (1º.nov), estar “surpreso” com o tom ofensivo adotado pelas autoridades do país
O governo da Venezuela disse neste sábado (2.nov.2024) que o Brasil pratica “agressão descarada e grosseira” contra o presidente do país, Nicolás Maduro. As nações trocam críticas em comunicados oficiais.
Na 6ª feira (1º.nov.2024), o Itamaraty respondeu uma nota da Venezuela e disse estar surpreso com o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil.
Agora, o governo da Venezuela disse considerar “incompreensível” o comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. “A Venezuela demonstrou, por meio de denúncia pública, com dezenas de provas, como o Itamaraty empreendeu uma agressão descarada e rude contra o Presidente Constitucional, Nicolás Maduro Moros, contra instituições e poderes públicos, bem como contra a sociedade venezuelana”, declarou.
Em 30 de outubro, a Venezuela decidiu convocar o seu embaixador no Brasil, Manuel Vadell, para prestar esclarecimentos ao governo de Maduro acerca das declarações de Amorim sobre o país vizinho. O movimento é uma retaliação à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo veto à entrada venezuelana no Brics, bloco que reúne países do chamado Sul Global e que está em expansão.
VENEZUELA
Em nota publicada pelo Ministério do Poder Popular para Relações Exteriores da Venezuela nesta 4ª feira (30.out.2024), o governo venezuelano diz que tomou a decisão para manifestar “sua rejeição mais firme às recorrentes declarações intervencionistas de grandes vozes autorizadas pelo governo brasileiro”.
Depois, Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, anunciou a intenção de apresentar uma moção para declarar Celso Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, como persona non grata na Venezuela.
Rodríguez expressou descontentamento com o que considera interferência nas questões internas do país. “Ou ele nos respeita ou faremos com que nos respeite”, afirmou em comunicado.
Ele acusa Amorim de ter atuado como instrumento do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, durante as eleições venezuelanas. Em comunicado, o presidente da Assembleia Nacional do país afirmou que a presença de Amorim tinha o objetivo de prejudicar o pleito. O Brasil não reconhece o resultado oficial –vitória de Nicolás Maduro– e exige a divulgação de atas eleitorais detalhadas antes de se posicionar.
Leia a íntegra do comunicado, em espanhol:
“EI Gobierno de la República Bolivariana de Venezuela halla inentendible el reciente comunicado redactado por la cancillería brasileña (Itamaraty), en el cual trata de engañar a la comunidad internacional, haciéndose pasar por vítimas en una situación donde claramente han actuado en carácter de victimarios, la cual ha sorprendido a la sociedad brasileña, venezolana y latinoamericana.
“Venezuela ha demostrado, a través de la denuncia pública, con decenas de pruebas, cómo Itamaraty ha emprendido una agresión descarada y grosera en contra del Presidente Constitucional, Nicolás Maduro Moros, de las instituciones y poderes públicos, así como, la sociedad venezolana, en una campaña sistemática y violatoria de los principios de la Carta de Naciones Unidas, como lo son la soberanía nacional y la libre determinación de los pueblos, incluso violando la propia constitución brasileña en su mandato de no injerencia en asuntos internos de los estados”.