Aprendi o que é um Corinthians x Palmeiras. Mesmo depois de ter sido eliminado das Copas do Brasil e Sul-Americana e mesmo perto da zona de rebaixamento, o Corinthians comemorou a vitória sobre o Palmeiras por 2 a 0 pelo Brasileirão como se fosse campeão. O time foi certeiro, com ótimas atuações de Garro, de Yuri e do goleiro Hugo. O Palmeiras cometeu erros individuais nos dois gols e piorou com as muitas trocas feitas no segundo tempo por Abel Ferreira. Isso ocorre com frequência no futebol. Os treinadores, na ânsia de reagir, fazem exageradas substituições e perdem a chance de virar a partida.
No final de semana, vi vários jogos na Europa e no Brasil, e ficou mais evidente que os times europeus são mais intensos, compactos, marcam mais e de maneira melhor por pressão e deixam menos espaços entre os setores. Em dois gols do Flamengo contra o Atlético-MG, o jogador do time carioca conduziu a bola por uma grande distância até chegar perto da área, enquanto os zagueiros do Atlético-MG, em vez de avançar para o desarme, ficaram colados à grande área.
Gabigol voltou a fazer o que mais bem sabe, finalizar com precisão. No último ano, o jogador fez tudo errado na carreira e deu razão para Tite não contar mais com ele. O jovem técnico Filipe Luís, companheiro durante vários anos de Gabigol, convenceu o jogador a se dedicar para voltar a brilhar, ainda mais que o Flamengo está sem Pedro e não há outra ótima opção.
Gerson mostrou mais uma vez que é ainda melhor jogando mais recuado, próximo do volante, como atuou contra o Peru, do que como um meia ofensivo ou pela ponta, como era habitual. Penso apenas que, na seleção, ele, Raphinha e o volante deveriam atuar mais próximos. Há um enorme espaço no meio-campo.
Repito, durante um longo tempo, os técnicos brasileiros deslocavam os jovens hábeis, dribladores, que atuavam no meio-campo para as pontas, uma das razões de a seleção ter vários excelentes pontas-direitas (Estêvão, Luiz Henrique, Savinho, Raphinha). O treinador do Barcelona fez o contrário: escalou Raphinha pelo centro ou pela esquerda, de onde ele parte para o meio para finalizar. É o melhor momento da carreira de Raphinha. Dorival Júnior manteve o jogador pelo centro e disse que pode até ocorrer o mesmo com Estêvão. No São Paulo, Alisson melhorou bastante quando passou da ponta para o centro, sob o comando de Dorival.
Raphinha me lembra de Rivaldo, pelas características físicas e técnicas e pelas finalizações fortes e precisas de fora da área. No Barcelona, o técnico holandês Louis van Gaal queria que Rivaldo jogasse pela esquerda, aberto, para aproveitar os seus excepcionais cruzamentos de curva com a bola saindo do goleiro, como faz o também holandês Ronald Koeman com Raphinha. Porém Rivaldo queria ser muito mais. Contrariando o treinador, ele se deslocava para o centro e fazia muitos gols com seus petardos de fora da área. Tornou-se o melhor jogador do ano no mundo.
No passado, havia um famoso clichê: “Quem corre é a bola, não o jogador”. Na época, um conhecido atacante, Mirandinha, bastante veloz, disse que não dava para correr e pensar ao mesmo tempo. No futebol moderno, intenso, de muita movimentação, é preciso correr e pensar, sem tropeçar nas pernas e na bola.
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