O corintianos vivem uma semana como campeões, embora já há tempo demais não comemorem título nenhum.
Certas vitórias têm esse condão, e apenas ganhar o Dérbi não traduz exatamente o sentimento.
Era preciso ser um clássico especial, que significasse dar largo passo para fugir do rebaixamento e, além do mais, reduzir a possibilidade do rival de ser tricampeão brasileiro.
Tinha, também, de ser sofrido, até parecer impossível, como pareceu durante 20, 30 minutos, em que o Palmeiras amassou o Corinthians e deixou mais de 46 mil torcedores em Itaquera com a sensação de que o gol alviverde era iminente.
Aí o Palmeiras errou, e Matheuzinho, rara leitora e raro leitor, Matheuzinho!, em grande noite, deu o passe para Rodrigo Garro abrir o placar.
Bem, o resto da história é mais que conhecida e coroou uma rodada em que deu tudo tão certo para os do Parque São Jorge que há os que sonham com vaga, ao menos, para a Copa Sul-Americana.
A prudência recomenda permanecer de olho na fuga do rebaixamento, mas vá recomendar prudência ao bando de loucos depois do 2 a 0 sobre o rival.
Moderação só cabe mesmo aos botafoguenses, porque mordidos por cobra têm medo de linguiça e chamá-los de neuróticos é redundância. Santa redundância, pois há motivos!
A derrota do Palmeiras acabou sucedida por categórica vitória sobre o Vasco, 3 a 0 fora o baile, diante de 32 mil torcedores no estádio Nilton Santos.
Os cruzmaltinos não deram nem para o começo, e com pouco mais de dez minutos o Glorioso vencia por 2 a 0, com belos gols de Savarino e Luiz Henrique —e mais uma exibição de encher os olhos do time que joga o melhor futebol do Brasil.
Os seis pontos que separam o líder do vice-líder garantem o conforto, ao faltarem seis rodadas, de o Botafogo poder dispensar duas delas —vantagem admirável na reta final do campeonato.
Era mesmo noite para mostrar que 2023 faz parte do passado e de trauma que nada tem a ver com o time atual.
Daqui para a frente, no torneio nacional, bastará seguir na mesma trilha, sem precisar forçar a mão, nem os pés, na ponta dos dedos.
Se ganhar o Brasileirão é façanha para satisfazer a temporada, no caso do alvinegro carioca é muito mas é pouco, porque outro valor mais alto se alevanta, como diria Luís de Camões, o da inédita conquista da Libertadores.
Um jogo só, contra o Atlético Mineiro, no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, dia 30 de novembro, a las cinco en punto de la tarde, como diria Federico García Lorca.
Será mais difícil ganhar o troféu continental, por ilógico que pareça por ser jogo único, do que administrar os seis jogos que faltam no certame brasileiro: Cuiabá, Vitória e São Paulo em casa, Inter, Atlético Mineiro (de novo) e Palmeiras, fora.
E por quê?
Porque, além de ter o melhor time e apresentar o melhor futebol, o Botafogo tem elenco e regularidade, ingredientes suficientes para levantar a taça doméstica.
A finalíssima contra o Galo é imprevisível, não tem favorito, ganha-se ou perde-se no detalhe, no imprevisto, um acidente muda tudo.
Mas também não é hora de pensar nisso.
A hora é de desfrutar o momento, de curtir a expectativa da festa, muitas vezes até melhor que a festa.
E se não tiver festa?
Dane-se a festa e viva o Botafogo, o melhor time da América.
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