Ao longo de todo o primeiro turno da eleição de São Paulo, não foram poucas as vezes que os principais candidatos – Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos e Pablo Marçal (PRTB) – insistiram em mostrar que tinham conexão com a periferia da maior cidade do país.
Boulos, morador do Campo Limpo, na Zona Sul, indicou que, caso eleito, seria a primeira vez que São Paulo teria “a chance de ter um prefeito que mora na periferia”.
Já Nunes, na propaganda eleitoral, apontou que seria “cria da periferia”. Marçal, durante os debates, chegou a entoar músicas do grupo Racionais MC’s e prometer criar empregos nas zonas periféricas, tentando se conectar com esse o eleitorado.
O resultado que saiu das urnas no último domingo 6 mostrou que os três nomes dividiram a região periférica de SP. Enquanto Nunes se saiu melhor na Zona Sul, Boulos conquistou os extremos Leste e Noroeste da cidade.
Marçal, por sua vez, também abocanhou parte importante da Zona Leste e se saiu vitorioso em áreas do Norte da cidade.
A votação na periferia
Em termos de zonas eleitorais, a periferia de São Paulo se divide em 17 áreas. Elas cobrem bairros importantes e populosos da capital paulista, como Grajaú, Sapopemba, Itaquera e Itaim Paulista.
Do total de zonas eleitorais da zona periférica, Boulos saiu vencedor em 11 delas. O psolista venceu nas seguintes zonas: Campo Limpo, Capão Redondo, Cidade Tiradentes, Conjunto José Bonifácio, Guaianases, Itaim Paulista, Jardim São Luís, Perus, Piraporinha, São Mateus, Perus e Valo Velho.
Logo após a confirmação do resultado que o levou ao segundo turno, Boulos agradeceu à periferia paulistana e falou que sua missão seria “apresentar um projeto de justiça social” nas regiões periféricas, que teriam levado a sua candidatura à disputa com Nunes.
O desafio para o psolista será convencer o eleitor de baixa renda a votar nas suas propostas, especialmente pela preferência desse público à campanha de Nunes.
O atual prefeito da capital, aliás, saiu vencedor em três zonas eleitorais da periferia de São Paulo: Cidade Ademar, Grajaú e Parelheiros. Ele também venceu na Brasilândia, importante distrito da Zona Norte da capital, assim como em Pedreira e Santo Amaro, na Zona Sul.
Marçal, por sua vez, também venceu em três zonas eleitorais da periferia. São elas: Ermelino Matarazzo, Itaquera e São Miguel Paulista. Apesar da derrota na votação geral, Marçal conseguiu se conectar com boa parte da Zona Leste de SP, um contingente de quatro milhões de pessoas que representam mais de um terço da cidade.
Do Tatuapé a Sapopemba, Marçal venceu em Vila Matilde, Vila Jacuí, Parque do Carmo, Cangaíba, Penha de França e Teotônio Vilela.
Estratégias de campanha
Considerando o segundo turno, que termina no próximo dia 27 de outubro, Nunes e Boulos deverão seguir lutando pelo voto dos eleitores da periferia.
A questão, porém, será saber se eles vão repetir as estratégias adotadas no primeiro turno, em relação ao eleitor dessas zonas. Nos primeiros cinquenta dias de campanha, por exemplo, Boulos foi o candidato que mais visitou bairros da periferia da capital, enquanto Nunes deu preferência a templos religiosos e ao lançamento de candidaturas de vereadores.
Segundo o mapa da campanha montado pelo jornal O Globo, Boulos fez 54 caminhadas ao longo da campanha de primeiro turno, sendo 42 em bairros periféricos das zonas Leste e Sul. Em média, os seus compromissos de campanha foram realizados em região que fica a cerca de 15 quilômetros da Praça da Sé, no centro da cidade.
Já Nunes focou os seus compromissos de campanha em zonas específicas da cidade, como no sul. A presença do atual prefeito em templos evangélicos também foi uma marca da sua estratégia de se conectar com o eleitor de baixa renda.
