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MicroRNAs, em alta com o Prêmio Nobel, podem rende…

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Os microRNAs circulantes ganharam destaque recentemente devido ao Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina dado a Victor Ambros e Gary Ruvkun, dois cientistas americanos que fizeram contribuições significativas para a nossa compreensão dos microRNAs.

Essas moléculas de RNA não codificantes estão ganhando atenção significativa na pesquisa médica, particularmente no contexto de cardiotoxicidade induzida por antraciclinas, medicamento mais utilizado no tratamento do câncer de mama, leucemia e linfoma.

Os microRNAs circulantes são conhecidos por sua estabilidade no sistema circulatório, o que os torna excelentes candidatos para estudar mecanismos moleculares, especialmente no que se refere à toxicidade cardíaca, que nada mais é que danos causados ao coração por substâncias presentes em quimioterapias e radioterapias.

Entre eles, o miR-34a tem se destacado devido à sua origem no coração e seu papel crucial em processos de cardiotoxicidade.

De modo geral, essas moléculas oferecem uma oportuna janela para o diagnóstico e a compreensão da cardiotoxicidade, mas ainda há um caminho a percorrer antes que possam ser integradas de forma rotineira à prática clínica.

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Uma das principais barreiras para a utilização é a falta de protocolos padronizados, o que dificulta sua detecção e quantificação eficaz nos laboratórios.

Para superar essas limitações, é imperativo que futuras pesquisas desenvolvam métodos mais uniformes para identificar e medir os microRNAs. Além disso, são necessários estudos amplos para estabelecer a eficácia desses biomarcadores.

Hoje o monitoramento de doenças cardíacas durante o tratamento de câncer, em especial na quimioterapia, depende de imagens cardíacas e de medições seriadas de substâncias como troponina cardíaca e peptídeos natriuréticos, nem sempre assertivas. Os microRNAs circulantes, por sua vez, são mais específicos e poderão apontar de forma mais precoce algum dano cardíaco.

As pesquisas de Victor Ambros, renomado biólogo e professor na Universidade de Massachusetts, e Gary Ruvkun, da Universidade Harvard, ajudaram a esclarecer os enigmas do funcionamento genético em nível molecular. Seus trabalhos colaborativos destacam a importância da pesquisa fundamental na biologia e a forma como ela pode transformar nosso entendimento médico.

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A compreensão de como os microRNAs funcionam tem implicações vastas, incluindo o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças complexas, como câncer, e a capacidade de manipular tecidos e sistemas para regeneração, cura e equilíbrio do sistema cardiovascular.

Esse reconhecimento com o Prêmio Nobel reforça a relevância do estudo dos microRNAs e abre caminho para avanços ainda mais significativos na biomedicina. Dessa maneira, nossa esperança é podermos usar em breve essas pequenas moléculas para controle e tratamento das complicações cardíacas de forma rotineira.

* Flávio Cure é cardiologista clínico e especialista em cardio-oncologia, coordenador do Centro de Estudos do Hospital CopaStar e responsável pelo Serviço de Cardio-Oncologia da mesma instituição, no Rio de Janeiro

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