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Relembre história da chacina da Candelária, tema de minissérie da Netflix que estreia nesta quarta-feira (30)

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A minissérie da Netflix “Os Quatro da Candelária” estreia nesta quarta-feira (30). Em quatro episódios, a série conta a história de um crime que custou a vida de oito adolescentes: a Chacina da Candelária, que completou 30 anos no ano passado.

O crime aconteceu no centro do Rio de Janeiro, na Igreja da Candelária, quando policiais militares e um ex-policial dispararam contra garotos em situação de rua que dormiam no local.

Os protagonistas das minissérie são quatro crianças, chamadas de Jesus, Douglas, Sete e Pipoca. Os personagens são interpretados por Andrei Marques, Samuel Silva, Patrick Congo e Wendy Queiroz.

A descrição da minissérie na plataforma de streaming diz que “enquanto tentam sobreviver nas ruas, quatro amigos buscam apoio uns nos outros e sonham com um futuro melhor. Até que uma tragédia acontece”.

O que foi a Chacina da Candelária

Na madrugada de um dia frio em 1993, adolescentes que faziam parte de um grupo de mais 40 pessoas em situação de rua dormiam no entorno da Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. As pessoas que dormiam no local acordaram em meio ao som de gritos e disparos de arma de fogo, ouvindo vozes que procuravam por alguém que se chamava “Come Gato”. Os adolescentes foram mortos antes que pudessem correr ou responder.

Oito adolescentes, com idades entre 11 e 19 anos, foram assassinados.

As investigações concluíram que dois policiais militares e um ex-PM, expulso da corporação, foram responsáveis pela chacina. O ataque, ocorrido numa sexta-feira, durou aproximadamente dez minutos, e teria acontecido porque alguns meninos tinham jogado pedras em uma viatura da polícia.

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Um dos sobreviventes é Wagner dos Santos, que tinha 21 anos na época. Apesar dos quatro tiros que recebeu – a maioria na nuca – conseguiu ser testemunha-chave para esclarecer o crime.

Na época, a Candelária abrigava cerca de 70 crianças e adolescentes que, por motivos diversos, moravam nas ruas. Grande parte havia fugido de abusos e violências familiares.

Por causa disso, a identificação das vítimas era difícil, porque a maioria não tinha documento de identificação. Mesmo depois de 31 anos, ainda não se conhece a identidade de uma das vítimas, um adolescente de 17 anos que era conhecido nas ruas como “Gambazinho”.

Os meninos que foram assassinados pela polícia na Chacina da Candelária são:

  • Paulo Roberto de Oliveira, 11;
  • Anderson de Oliveira Pereira, 13;
  • Marcelo Cândido de Jesus, 14;
  • Valdevino Miguel de Almeida, 14;
  • Leandro Santos da Conceição, 17;
  • Paulo José da Silva, 18;
  • Marco Antônio, 19

Condenações

Em 1996, o ex-policial do choque Nelson Oliveira dos Santos Cunha confessou o crime e entregou os comparsas. De acordo com o seu relato, o crime teria partido do PM Marcus Vinícius Emmanuel Borges. Após abordar os garotos com cola de sapateiro, teve que liberá-los quando o delegado informou que o caso não configurava tráfico de drogas. Ao serem soltos, os garotos teriam debochado do PM e jogado pedras em uma viatura. Emmanuel decidiu se vingar metralhando as crianças.

O PM chegou a afirmar que queria dar “apenas um susto”. O policial Marco Aurélio Alcântara e o ex-PM Maurício da Conceição Filho, expulso da corporação por envolvimento com contravenção, teriam participado do ataque com Emmanuel e Cunha.

Emmanuel e Alcântara confessaram participação na chacina e atribuíram a culpa a Maurício, conhecido como Sexta-feira Treze. Na época do júri, Maurício já havia morrido – durante o sequestro de um bicheiro.

Alcântara foi sentenciado a 204 anos de prisão. Cunha pegou penas que somaram 45 anos. Em 2003, Emmanuel foi condenado a 300 anos de prisão. Apesar disso, hoje em dia os condenados estão em liberdade.

Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJSP), o PM Nelson Oliveira dos Santos cumpriu pena até sua extinção, em 2008. Já o PM Marco Aurélio Dias de Alcântara e o ex-PM Marcus Vinícius Emmanuel Borges cumpriram suas penas até receberem indultos em 2011 e 2012, respectivamente.

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