Os réus Lessa e Élcio Queiroz descreveram em júri popular o planejamento e a execução do assassinato da vereadora
O ex-policial militar Ronnie Lessa, réu no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), afirmou nesta 4ª feira (30.out.2024) que os mandantes do crime teriam pedido inicialmente que o alvo fosse o ex-deputado e hoje presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), Marcelo Freixo (PT-RJ). No entanto, disse que recusou a execução por considerá-la “inviável”.
“O assunto começou no final de 2016. Surgiu uma oferta com a seguinte proposta: temos uma coisa para ficarmos milionários, para ficarmos ricos. Em janeiro, encontrei essa pessoa novamente, e ela me trouxe um nome. Eu ri e falei que, se fosse essa proposta, não tinha como”, disse Lessa ao explicar a recusa para executar Freixo.
Com a negativa, os mandantes teriam então direcionado o pedido para a vereadora Marielle Franco. Além de ser amiga do ex-deputado, ela havia sido assessora parlamentar de Freixo.
Segundo Lessa, o motivo para a execução de Marielle seria o fato de a vereadora ser “uma pedra no caminho” no esquema de loteamento de 2 terrenos no bairro do Tanque, no Rio. Ela teria se reunido com líderes locais para impedir a venda de lotes de terra por milicianos.
TRIBUNAL DO JÚRI
O julgamento começa 6 anos depois do episódio, em março de 2018. A data foi definida pelo juiz Gustavo Kalil em reunião no Fórum Central do Rio, em 12 de outubro. Pode ser acompanhado ao vivo no canal do YouTube do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
O julgamento em júri popular dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz nesta 4ª feira (30.out) no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro deve durar 2 dias. A mãe de Marielle depôs logo após a ex-assessora Fernanda Chaves.
Ambos os ex-policiais fizeram delações premiadas à PF (Polícia Federal) confessando a execução do crime e são réus no caso. Lessa confessou ter sido o autor dos tiros que mataram Marielle, enquanto Élcio estaria dirigindo o carro no dia do crime. Estão presos desde 2019.
Além de terem confessado o crime, Lessa indicou que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão seriam os mandantes do crime. O motivo teria sido por conflitos fundiários.
Os 2 se tornaram réus no STF em junho deste ano, quando, por unanimidade, a 1ª Turma do Supremo aceitou uma denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República).
Além deles, o Supremo também aceitou denúncia na mesma ação contra o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, o ex-assessor de Domingos, Robson Calixto da Fonseca, e Ronald Alves, conhecido como major Ronald.
Em depoimento ao STF no caso, apesar da declaração de Lessa, os irmãos Brazão disseram que não conheciam o ex-PM. Segundo o deputado, ele nunca teve contato com Lessa e que, embora o ex-PM pudesse conhecê-lo, ele não teria “lembrança de ter estado com essa pessoa”.
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